"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos." Charles Chaplin

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Até os sonhos

- Que bom filho! - Sussurrou ela.
O menino, confortado em seu colo, lhe contava as novidades, enquanto juntos admiravam o oceano. A praia estava vazia, e o dia estava maravilhoso. 
- Para onde você quer ir em nosso próximo encontro? – perguntou a mãe enquanto mexia em seu cabelo louro. 
Ele fechou os olhos, e finalmente uma covinha surgiu em sua bochecha, seguido de um sorriso torto.
- Roma!
A mãe riu, e juntos suspiraram. Eles formavam uma dupla perfeita!
- Aposta uma corrida até o mar? – ela perguntou com os olhos brilhando, a fim de espantar as lágrimas. 
O jovem de apenas nove anos sorriu.
- Já! – gritou ele, correndo em disparada com seus pés descalços pela areia.
A mãe, surpreendida começou a romper em risadas, e levantando-se, tentou acompanhar o garoto. 

- Filho, – cutucou seu pai, interrompendo seu sonho – você vai se atrasar para a escola!
Resmungando, ele saiu da cama, e seu dia no colégio foi como nos outros, divertido. Ele era um garoto que se enturmava fácil, porém guardava sempre uma enorme ansiedade em seu coração. 
Quando já se encontrava no carro, ele pedia impacientemente para o pai ir logo, pois tinha um encontro.
O pai sorriu.
- A onde filho?
- Em meu quarto!
O pai o encarou por um segundo, voltando em seguida à se concentrar na avenida congestionada.
- Com quem? 
- Com mamãe – respondeu o garotinho, com um imenso sorriso. 
Foi a vez do pai se calar, preocupado. 
- Filho, sua mãe foi embora, para sempre. Ela agora não está mais doente, ela está no céu.
O pequeno Pépi olhou para baixo, calado, mas encarou os olhos castanhos de seu pai.
- Não, você está enganado! Eu a vejo todos os dias, em meus sonhos! 
O pai ficou quieto, tinham chegado. O menino, percebendo a chegada, pulou do carro e saiu correndo, jogando a bolsa no meio da sala e trancando-se no quarto. 
Fechou as janelas, ligou o ar, e tirou os sapatos.
Num pulo deitou na cama, e com um sorriso torto nos lábios, adormeceu.

Pra minha amiga Júú Nunes , que me dá coragem para ir pro colégio todos os dias *-*

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